sábado, 14 de janeiro de 2012

TEU RISO/Pablo Neruda




Tira-me o pão, se queres,
tira-me o ar, porém nunca 
me tires o teu riso. 
Não me tires a rosa,
a lança que debulhas,
a água que de repente
em tua alegria estala,
essa onda repentina
de prata que te nasce.
De áspera luta volto
com olhos fatigados
por vezes de ter visto,
a terra que não muda,
mas ao chegar teu riso
sobe ao céu me buscando,
e abre para mim todas
as portas desta vida.
Amor meu, no momento
Mais escuro desata
O teu riso, e se acaso
vês que meu sangue mancha
as pedras do caminho,
ri, porque teu riso
será, em minhas mãos,
como uma espada fresca.



Junto do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e em primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Que te rias da noite,
ri do dia, da lua,
das ruas tortas da ilha,
ri do desajeitado
rapaz que te quer tanto,
porém quando mal abro
os olhos, quando os fecho,
quando os meus passos voltam,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
porém nunca o teu riso,
senão, amor, eu morro. 

André Valadão - Cura me Senhor

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O dom de amar - Banda Catedral

Palavras Sinceras/ William Shakespeare.



De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

William Shakespeare

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sou...



“Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.”

Álvaro de Campos

ANDERSON FREIRE - CAPACITA-ME

domingo, 8 de janeiro de 2012

O QUE A VIDA QUER DA GENTE


"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre no meio da tristeza!
Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito - por coragem. Será? 
Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia. "

 

Grande Sertão: Vereda
João Guimarães Rosa     

Oficina G3 - Além do que os olhos podem ver (Com letras e imagens)

sábado, 7 de janeiro de 2012



"Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?
Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?
Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?
E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores?
É sempre a mesma primavera que repete seu papel?
E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina?"
(Pablo Neruda)

ANDERSON FREIRE - IMPERFEITO

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

No caminho do milagre Davi Sacer legendado

" Verdade." (Carlos Drummond de Andrade )


A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Não Há outro Igual - (Cantado) - Davi Sacer (Legendado)

Talvez ( Pablo Neruda)


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém 
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

("Cartas de Florbela Espanca", por Guido Battelli, 1930)


O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!


A alegria na tristeza



O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.
  Autoria de Martha Medeiros 

sábado, 19 de novembro de 2011

Ser Forte

Que amor é esse ? (Ricardo Robortella)


Eu sei que tem mais
Eu sei que existe mais de Deus pra mim
Que amor é esse?
Que amor é esse?
Que amor é esse?
Eu não entendo!
Maior que o amor de um pai
Mais forte que o amor de um homem
Mais profundo que um amigo
É o Teu amor... 2X
Que amor é esse?
Que amor é esse?
Que amor é esse?
Eu não entendo!
Que conquistou meu coração
Que quebrou minhas razões
Me esvaziou de mim
Foi o Teu amor ( 2X)
Leva-me ao primeiro amor
Onde tudo começou, Senhor (2X)
Eu digo sim Senhor, eu digo sim
Eu digo sim Senhor, eu digo sim
Ao Teu chamado Deus, eu digo sim
Eu digo sim Senhor, eu digo sim
Eu digo sim Senhor, eu digo sim
A Tuas promessas Deus, eu digo sim
Como na primeira vez,
Como no primeiro instante,
Como no primeiro olhar
Toma o Teu lugar....
Oh vem,
oh vem
Oh vem me envolver com o Teu amor...
Que conquistou meu coração
Que quebrou minhas razões
Me esvaziou de mim
Foi o Teu amor

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Saudade (Pablo Neruda)

Raiz Coral - Vencedor (2010)

Meu Amor... Florbela Espanca


De ti somente um nome sei, amor.
É pouco, é muito pouco e é bastante
Para que esta paixão doida e constante
Dia após dia cresça com vigor!

Como de um sonho vago e sem fervor
Nasce uma paixão assim tão inquietante!
Meu doido coração triste e amante
Como tu buscas o ideal na dor!

Isto era só quimera, fantasia,
Mágoa de sonho que se esvai num dia,
Perfume leve dum rosal do céu...

Paixão ardente, louca isto é agora,
Vulcão que vai crescendo hora por hora...
O meu amor, que imenso amor o meu! 
FLORBELA ESPANCA

sábado, 12 de novembro de 2011

Hillsong United - Always (Tradução em Português)

Hillsong United - Better Than Life (Com Tradução)

Silêncio!(Florbela Espanca)









No fadário que é meu, neste penar,


Noite alta, noite escura, noite morta,




Sou o vento que geme e quer entrar,


Sou o vento que vai bater-te à porta...




Vivo longe de ti, mas que me importa?


Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear


Em roda à tua casa, a procurar


Beber-te a voz, apaixonada, absorta!






Estou junto de ti, e não me vês...


Quantas vezes no livro que tu lês


Meu olhar se pousou e se perdeu!






Trago-te como um filho nos meus braços!


E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...


Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ser poeta(Florbela Espanca)






Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

Outra vez - Bruna Karla.avi