terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bruna Karla - Sou Humano

Tenho Tanto Sentimento


 
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal. 
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada. 
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Humano amor de Deus!

A ARTE DE SER FELIZ

 HOUVE um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. 
Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos
dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.
HOUVE um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.
HOUVE um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
HOUVE um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
MAS, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e
outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meireles

sábado, 27 de novembro de 2010

Meu Sonho


Parei as águas do meu sonho 
para teu rosto se mirar.

Mas só a sombra dos meus olhos 
ficou por cima, a procurar... 

Os pássaros da madrugada não têm 
coragem de cantar, vendo o 

meu sonho interminável e a 
esperança do meu olhar. 

Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.

Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar ? 

Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.

Talvez pensem que o tempo volta, 
e que vens, se o tempo voltar. 

(Cecília Meireles)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Saudades...

MINHA INFÂNCIA

MINHA INFÂNCIA


Hoje lembrando a minha infância
Que com o tempo ficou distante
Na mente o vazio da ausência
De brincadeiras que foram interessantes.
Lembro o meu tempo de criança
Dos amigos, tantas alegrias que passei.
O coração cheio de paz e esperança
Tantas recordações no tempo eu deixei.
As recordações se transformam em saudade
Recordar nossa infância querida
É uma forma de construir a nossa felicidade
Pois, tudo faz parte da vida.
Tanta coisa, tantos lugares se modificaram.
Porém vivos na minha memória ainda estão
Dentro de meu coração não dissiparam
Eu os guardo no fundo do meu coração.
Momentos que se eternizam
A liberdade que a gente sentia
Sensações que no fundo ficam
A gente brincava e nada temia.
 Autor: Antonio Ademir Fernandes

quero ser como criança

Sou Fénix sonhadora

Fénix sonhadora
Sou Fénix sonhadora
E todas as noites volto a renascer
Com sonhos encantadores
Que sorridente me deixam ser
..
As minhas asas iluminam a noite
E o sol parecem criar
Com elas faço o vento forte
Que as nuvens fazem afastar
..
Podem existir tempestades
Forças ocultas que me fazem explodir
Só me fazem renascer de novo
Com vontade de voltar tudo a repetir
..
Viajo na via láctea
E nela não preciso respirar
Sou a Fénix indestrutível
Sou a força que nada pode derrotar
..
Serei insana por ter este poder
Serei simplesmente maravilhosa
Sei apenas que nos sonhos
Sou divina, sou poderosa

Blue Heaven

Oficina G3 - O Tempo

Procura-se um amigo


Procura-se um amigo  

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

(Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Memorial




  Nasci em São Paulo, sou a terceira filha de uma família de cinco irmãos virtuosos: Rozangela, Rosemir, Rosemeire, Ronaldo e Rogério, sempre em busca de estar alicerçados e estruturados em união e respeito, mesmo enfrentando dificuldades, de aspectos sociais e econômicos, cresceram valorizando cada momento da vida.  Meu pai, Arlindo Alves dos Santos trabalhador honesto e provedor do lar, que convive até os dias de hoje com o problema do alcoolismo. Minha mãe, Cristina Garcia dos Santos, mulher sofrida, porém forte e guerreira, dedica sua vida comprometidamente a sua família.    Na infância, vivi momentos felizes juntamente com meus irmãos, brincávamos na rua, na chuva, no barro, subíamos em árvores, momentos inesquecíveis. Lembro-me também, de muitos fatos que marcaram minha infância, quantas coisas gostaria de ter esquecido, até mesmo deletado de minha memória, porém, sei que através dessas experiências, venho construindo uma digna, história de vida.   Ingressei na primeira série do ensino fundamental em 1984. Meu primeiro contato com a escola foi importante, pois já tinha um desejo profundo em aprender, tanto que pegava o caderno de meus irmãos mais velhos, para fazer a lição de casa deles, só que ainda não tinha contato nenhum com o alfabeto, então só saia rabiscos.    Tenho imensa gratidão pela professora Tereza, uma mulher compromissada com o aluno, com ela aprendi a ler e escrever, isso foi uma grande conquista, não só para mim, mas para os meus pais, já que eles não tiveram esse acesso à escola.     Na segunda série, a professora Aurora, trabalhava constantemente com a música, eu amava esses momentos, pois me desligava da realidade, a música me trazia um bem estar enorme, consegui me socializar melhor com os amigos, pois era uma criança muito tímida e calada.    Posso dizer que no ensino fundamental fui presenteada por excelentes professores, Helena, Marô, Eideleste, Juraci, Djalma, Renam, Antônio, Israel, aos quais sempre tive grande admiração e respeito. Conclui o ensino fundamental em 1992, na EMPG Amadeu Amaral.    Iniciei o ensino médio na E.E.Nossa Senhora da Penha. No segundo semestre, solicitei a transferência para outro Colégio, por conta de uma greve dos professores, fato este que logo foi normalizado.    Entro na E.E Tereza Dorothea de Arruda Rego, consegui com muito esforço terminar o ensino médio, pois conciliava os estudos com o trabalho.     Em 1995 casei-me com Claudio, em meio a grandes conflitos familiares. Fui presenteada com três filhos maravilhosos, Kennedy, kevyn e kathelyn que só me dão orgulho e força.      Ao receber um convite para dar aula de evangelismo infantil em uma comunidade evangélica, surge uma nova perspectiva de vida.      Assim inicio o curso preparatório na “APEC” fico fascinada pelo curso, percebia ali como era bom aprender para ensinar, o curso durou um ano, mas foi o tempo suficiente para despertar a curiosidade de buscar as respostas para muitas dúvidas através de pesquisas, leituras e palestra, descobri que a área da educação me contagiava.        Começo então trabalhar como Agente recreativa na prefeitura em períodos de férias. À medida que fui adquirido experiências, passo a atuar como Auxiliar de desenvolvimento infantil no Colégio Recanto Infantil Criando com os Anjos¨.       Momento forte e decisivo na minha vida, aconteceu após passar por duas cirurgias em menos de um ano , vivi dias de angustia e dor no período pós operatório, pois segundo os médicos o problema ainda não estava solucionado e seria necessário a terceira cirurgia.       Nunca havia me sentido tão impotente como naquele dia, mesmo assim fui firme e falei para o médico que não tinha estrutura nenhuma para outra cirurgia, ele respeitou a minha opinião naquele momento, pois somente nos sabemos as nossas limitações e fraquezas.          Segui a caminho de casa dopada por tantos remédios que não aliviavam em nada a dor que sentia, chorei dias e dias, cheguei achar que a morte resolveria tudo, sentia um vazio na alma intenso, mesmo rodeada por pessoas queridas não queria ver ninguém, passava horas debruçada em frente o computador     querendo entender o porquê das coisas.     Foi quando por curiosidade verificando o resultado do “PROUNI”, havia passado, encontrei uma força inexplicável, novamente nasce a esperança, percebi que ainda tinha muito chão para prosseguir e não podia parar de lutar e deixar um sonho morrer.          A partir deste ponto, ingresso a graduação de Pedagogia, na Universidade Camilo Castelo branco.     Tenho aprendido com excelentes professores o que é de fundamental importância e de ampliação dos meus conhecimentos teóricos, para prosseguir em uma carreira acadêmica, cada aula aprendo algo novo, valorizo meus professores, pois possuem valores , princípios e teorias criticas, não vivem meramente de discursos, demonstraram isso nos dias angustiantes em greve tenho orgulho estar perto de pessoas motivadoras  que vivem o que falam.             Atualmente estou atuando como estagiária no ”Colégio Universitário Leste”, tenho questionado a atuação de muitas pedagogas, pois já conheço parte da  realidade na educação infantil e sei que não é fácil, poucas pessoas estão compromissadas em cumprir dignamente ao que se propõe a fazer.  Passei a olhar de forma crítica e me auto-analiso, pensando como agiria diante desta ou aquela situação, tenho me deparado com pedagogas que realmente parecem peixinhos fora d'água, entram como princesas em seu salto Anabela e saem como bruxas totalmente descabeladas, já presenciei várias professoras chorando e recentemente uma delas me relatou que escolhera a profissão errada, chegou a pensar em jogar tudo para o auto, até mesmo chutar o balde, por sentir-se apenas uma mera cuidadora de crianças.      No entanto posso visualizar o envolvimento dos professores, alguns demonstram amor incondicional pelo que fazem,  recebem e transmitem  carinho na mesma medida, transmitindo  a base minimamente necessária aos seus alunos, outras não demonstram nenhum tipo de afetividade são duras mantendo um distanciamento do aluno visando seguir apenas o currículo proposto pela escola.      Uma trajetória brilhante só é construída com muita determinação, levando em consideração que o tempo passa tão depressa e devemos ter uma perspectiva de vida, acrescentar novos conhecimentos que nos motive a continuar este processo de formação com compromisso, exercitando nossa criticidade a tal ponto de transformar a realidade. R.A




Meu universo (PG)





SONHOS.


Os sonhos fazem tímidos ousarem e os derrotados construírem novas oportunidades.
Com apenas uma palavra somos capazes de  mudar conceitos e ressuscitar sonhos.
A partir do momento que abrimos os olhos e contemplamos a beleza da vida, nunca mais  seremos os mesmos, pois nossas habilidades criativas se expandem e se perpetuam.
Nossos objetivos se concretizam quando superamos obstáculos, desafiamos as incertezas que nos atormentam e declaramos estar apaixonados por nossos sonhos. R.A