sábado, 12 de novembro de 2011

Silêncio!(Florbela Espanca)









No fadário que é meu, neste penar,


Noite alta, noite escura, noite morta,




Sou o vento que geme e quer entrar,


Sou o vento que vai bater-te à porta...




Vivo longe de ti, mas que me importa?


Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear


Em roda à tua casa, a procurar


Beber-te a voz, apaixonada, absorta!






Estou junto de ti, e não me vês...


Quantas vezes no livro que tu lês


Meu olhar se pousou e se perdeu!






Trago-te como um filho nos meus braços!


E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...


Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

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