segunda-feira, 9 de maio de 2011
A morte
A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus
Chega impressentida
Nunca inesperada
Ela que é na vida
A grande esperada !
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida.
Vinicius de Moraes
domingo, 8 de maio de 2011
sábado, 7 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
A Arte de Viver
Nem sempre o progresso interior do ser humano (quando existe), é acompanhado por atitudes compatíveis com ele (progresso). Quando alguém evolui espiritual, intelectual ou psicologicamente nem sempre consegue ajustar a evolução à sua vida. É que já está de tal forma preso a formatos anteriores de personalidade com os quais aprendeu a ajustar-se e a defender-se na vida, que dificilmente abre mão de seus paradigmas. A vida de cada um de nós, na medida em que a consciência se amplia, estabelece um conflito entre a evolução e o que resiste a ela, por já ser molde de comportamento. Em geral esse “molde” ganha a luta. Mesmo que o leve para a estagnação ou para o “brejo”. Somente um processo de análise e de educação consegue ajustar a evolução à vida. Evoluir, crescer interiormente exige mudanças que a existência pede mas a vida nem sempre autoriza. Briga feia, esta....
Há períodos, porém, em que a evolução pode se desencadear com rapidez. Algum fato doloroso, perda, ou amadurecimento consciente e inconsciente, propiciam a revolução interna. Alcançar tal ponto pela evolução gradual e a coragem de existir como um novo ser (ou recuperar o verdadeiro ser antes guardado e escondido pelas defesas) é, mesmo, difícil. Porém muito mais complexo e doloroso é passar para a vida a evolução obtida. E fazê-la permanente.
Há pessoas que procuram, a qualquer descoberta ou novidade exteriores, logo incorporá-las à evolução interior. Mas a vida possui severas regras e leis. Se a passagem for brusca ressentir-se-á. No tropel da renovação desejada (e necessária) será jogado fora o que não era para tal. Adiante fará falta. A sofreguidão de transportar a evolução interna para a vida vivida, pode levar a erros e mudanças bruscas (e radicais) demais para perdurarem. Acontece freqüentemente.
O oposto também ocorre: evoluir, sem, contudo, transferir para a vida atitudes e modos de ser compatíveis com o que mudou e amadureceu. Aqui, o sofrimento é ingente. A vida impõe compromissos, alguns insuperáveis, injunções terríveis e graves. Como removê-las sem fortes danos? Ou sem machucar terceiros, quartos, quintos etc?
Possível, sim. Fácil, jamais. Doloroso, sempre, pois acompanhadas de perdas inevitáveis, irreparáveis e inerentes.
É, portanto, difícil, profundo, doloroso, o processo de compatibilizar a vida vivida com os rumos do desenvolvimento interior. Raro é adequar-se a vida à evolução. Talvez, seja até mais difícil do que evoluir. O trabalho interior para evoluir, crescer e amadurecer é sofrido e lento!
Ajustar, depois, a evolução à vida, poucos conseguem; só os fortes. Ou os sábios. E mesmo a evolução está carregada de recuos, erros e dúvidas. Viver é uma arte.
Artur da Távola
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